quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Consultas Via Orkut



Desde o surgimento do Orkut, obter informações e opiniões se tornou muito fácil. É só entrar na comunidade certa e criar um tópico, para que muitas pessoas respondam, opinem e discutam. Porém, com o elevado número de comunidades médicas, temos que prestar atenção em nossas respostas, pois essas podem trazer conseqüências sérias.

Criei a comunidade Estudantes de Medicina que atualmente possui mais de 30.000 membros. Semanalmente alguém, que não faz Medicina, cria um tópico pedindo ajuda, dizendo que possui determinado sintoma, querendo saber que doença tem. Essas pessoas não sabem a importância da anamnese e do exame físico. Não é simplesmente dizer “tenho dor de barriga”. O médico (no caso da comunidade, futuros médicos) não pode “magicamente” descobrir o diagnóstico, prescrever um tratamento e dizer o prognóstico. Mas muitos não entendem essa situação e acham que as pessoas não diagnosticam por má vontade.

Imaginem se alguém posta o seguinte “minha avó de 65 anos não está conseguindo evacuar e sente sua barriga estufada”. Aí alguém responde “ela tem constipação, é só comer mais fibra e tomar bastante água”. Pode até ser, mas e se essa mesma senhora não era constipada até pouco tempo atrás, perdeu peso e percebeu sangue nas fezes (nada disso informado pelo neto, talvez por nem ser de seu conhecimento). A principal hipótese diagnóstica seria outra! O neto estaria bem tranqüilo, acreditando que sua avó está com uma simples constipação enquanto ela pode ter um câncer intestinal. Seria muita irresponsabilidade de quem arriscou um diagnóstico…

Nesse caso, o que poderíamos fazer respeitando a ética, é orientá-lo a procurar um gastroenterologista, para que esse converse com a paciente, faça uma boa anamnese e exame físico para formular hipóteses diagnósticas com fundamento, não “chutar para ver se acerta”.

A saúde das pessoas é um assunto sério e deve ser encarada com responsabilidade.

Felizmente, ao menos na Comunidade Estudantes de Medicina, todos os membros estão agindo dessa forma, com consciência e ética, orientando os “pacientes virtuais” a procurarem médicos reais.

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